1984 (português)

2 | Ben Pimlott (1989)

É fácil entender por que o último romance de George Orwell, publicado em junho de 1949, sete meses antes da morte do autor, foi um sucesso instantâneo. Em primeiro lugar, é uma narrativa perversamente indecorosa que leva a fantasia adolescente — de rebeldia solitária, sexo furtivo e terror implacável — a um extremo escandalosamente inaceitável. Segundo, e mais importante, essa história singular foi amplamente interpretada como comentário social e até mesmo como profecia.

Não é surpreendente, talvez, que o romance tenha sido entendido dessa forma. Monotonia, escassez material e burocracia governamental eram um modo de vida não apenas no romance, mas na Grã-Bretanha em que foi escrito. Na mesma época, o totalitarismo era um medo que se aproximava furtivamente. A Alemanha Nazista num passado recente e China e Rússia no presente de então emolduravam a consciência política ocidental. Havia a sensação de se estar olhando sinistramente para uma bola de cristal colocada a uma imaginável curta distância.



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